Mitos sobre cavalos e desportos hípicos

Quando cheguei à escola de equitação estava tão nervosa como uma criança no primeiro dia de aulas! Não sabia se a aula ia ser teórica ou se ia efetivamente montar a cavalo e, no fundo, tinha algum receio de não me sentir bem naquele ambiente.

Mito 1: os cavalos são violentos e podem morder ou dar coices às pessoas que se aproximem apenas para defenderem o seu território.

A primeira coisa que o meu professor fez, após as apresentações, foi desconstruir este mito! Aparentemente, na natureza, apesar do seu tamanho, os cavalos são presas e não predadores, até porque eles são herbívoros. Além disso, quando se sentem em perigo, os cavalos têm mais tendência para fugir do que para atacar. Contudo, tal como todos os animais, os cavalos dependem muito dos seus sentidos e, por isso, são muito sensíveis aos estímulos exteriores, mesmo que sejam estímulos em que nós não reparamos. Ou seja, os cavalos não têm interesse nenhum em morder nem em magoar humanos, mas cada cavalo tem o seu temperamento, e independentemente disso, há que ter em conta certas práticas a adotar para evitar transmitir sinais errados aos animais.

Mito 2: só pessoas de um estatuto social elevado é que praticam equitação.

Este era talvez o mito que mais me atrapalhava e provavelmente o motivo pelo qual eu nunca tinha pensado em inscrever-me numa escola de equitação, já que a minha roupa e a minha postura não eram de uma típica mulher de classe social elevada. Na primeira vez que fui à escola, este mito ganhou ainda mais força. No parque de estacionamento estavam vários carros muito superiores ao meu e parecia que eu apenas via pessoas com sapatilhas de marca, calças de tecido, camisolas tipo polo e coletes.

Entretanto, aquando das visitas seguintes percebi que nós tendemos a ver mais, porque o nosso cérebro assimila melhor, aquilo que se enquadra nos estereótipos em que acreditamos. Assim, apesar de existirem imensas pessoas que correspondem a este estereótipo na escola de equitação, existem também muitas outras que não correspondem. Na verdade, qualquer roupa confortável pode ser adequada às primeiras aulas de equitação, incluindo calças de ganga ou calças de fato-de-treino, desde que permita que os nossos movimentos sejam flexíveis. Por outro lado, as pessoas que frequentam as escolas de equitação são tão simpáticas como qualquer outra pessoa. Na verdade, apesar de inicialmente parecer um ambiente estranho, a escola de equitação é também um ambiente de conforto, onde toda a gente pode simplesmente ir assistir a outras pessoas durante os seus treinos e a competições públicas, e onde toda a gente se pode sentir bem a experimentar uma coisa completamente nova.

Mito 3: a equitação é um desporto que tem de ser começado em criança.

Começar em criança pode ter vantagens ao promover a força, o equilíbrio e a coordenação da criança. Além do mais, as crianças podem ter mais facilidade em aprender a andar a cavalo porque são mais flexíveis, têm menos noções das consequências, e portanto menos medos. Por outro lado, os adultos têm também características que tornam mais fácil o processo de aprendizagem, nomeadamente uma maior noção das implicações da sua postura corporal, ainda que possam precisar de mais tempo para interiorizarem a postura correta a adquirir para montar a cavalo. Obviamente que é importante ter em conta problemas de saúde que possam existir, antes de decidir praticar equitação ou qualquer outra forma de hipismo, tal como acontece quando um adulto ou uma criança pretende começar qualquer tipo de desporto. Conclusão: tal como a maioria dos desportos, praticar equitação traz um leque de vantagens, e pode ser começado em diversas etapas da vida, desde muito jovem até à idade adulta.